"Les Fleurs de Dior"

Mas muito antes de Christian entrar para a história da moda, a família Dior era formada basicamente por lavradores normandos, cuja árvore genealógica remonta à 1541. A ascenção social do clã começou com o seu avô e continuou com o sucesso do seu pai, Maurice. No início as fábricas Dior produziam ácido sulfúrico para fertilizantes, produto que a França era líder mundial no início do século passado. Nos anos 20 desenvolveram o sabão em pó e a água sanitária Dior que dominou o mercado de produtos de limpeza. E da rústica água sanitária para os refinados perfumes foi só um pulo de geração…

A morte prematura de Madeleine, em 1931, foi um choque para Christian. Aliás foi um ano infeliz para toda a família cujas empresas começaram a falir uma atrás da outra. A venda dos imóveis para saldar as dívidas culminou tristemente com a casa de Granville. Posteriormente Christian tentaria readquiri-la por diversas vezes, mas o proprietário recusou-se terminantemente a vendê-la. Furiosamente contrariado jurou nunca mais pisar em Granville para o resto de sua vida!

Sua paixão pela arquitetura ele exprimiu na construção de vestidos que ele chamava de “arquiteturas efêmeras destinadas a embelezar o corpo da mulher”. Em sua curta carreira Christian apresentou 22 coleções, todas um sucesso, tanto de crítica quanto comercialmente. A primeira, em 1947, trouxe fama imediata com um desfile de 90 looks e apenas 6 modelos… Naquela Paris de pós-guerra, decidiu que as mulheres deveriam se libertar da humilhação de vestir roupas de tecidos baratos com jeito de uniforme (ombros quadrados e saias curtas). Ele propunha roupas femininas e delicadas, com corte acinturado, ombros estreitos, saias abaixo do joelho. Tudo com muito tecido fino para desespero da França ainda em período de restrições (algumas saias chegavam a consumir 40 metros!). O governo britânico chegou a pedir que as mulheres boicotassem o estilista, mas o pedido foi pro limbo quando a Princesa Margaret apareceu em público vestindo Dior com a seguinte declaração: “Nós não podemos ditar às mulheres a altura de suas saias!”. Aliás a polêmica coleção tinha o “dedo” de Madeleine - Christian atribuía a inspiração às roupas que a tão amada mãe vestia…

No número 30 da Avenue Montaigne, o mesmo luxuoso endereço que a Maison Dior está instalada até hoje, reuniu pessoas de grande talento para trabalhar com ele: Pierre Cardin e Yves Saint Laurent foram os assistentes que mais tarde tiveram suas próprias maisons. Pierre confessa: “Com ele aprendi o que era a verdadeira elegância, sem Christian Dior eu não poderia ser Pierre Cardin”.
Apenas 10 anos depois de inflamar o mundo da moda, Christian morria de ataque cardíaco na Itália, tinha 52 anos. Os últimos meses foram martirizados com injeções de todos os tipos: para acordar de manhã, para ter apetite, para conseguir dormir… A casa onde ele passou os melhores anos de sua vida, ao lado da mãe e em torno do jardim, finalmente é sua para sempre. “Les Rhumbs” foi transformada em museu em 1997, o único da França dedicado a um estilista. Lá a maresia se mistura ao perfume natural do jardim e uma tela de árvores protege as flores que tanto o inspiraram. Christian dorme feliz.
Apenas 10 anos depois de inflamar o mundo da moda, Christian morria de ataque cardíaco na Itália, tinha 52 anos. Os últimos meses foram martirizados com injeções de todos os tipos: para acordar de manhã, para ter apetite, para conseguir dormir… A casa onde ele passou os melhores anos de sua vida, ao lado da mãe e em torno do jardim, finalmente é sua para sempre. “Les Rhumbs” foi transformada em museu em 1997, o único da França dedicado a um estilista. Lá a maresia se mistura ao perfume natural do jardim e uma tela de árvores protege as flores que tanto o inspiraram. Christian dorme feliz.

<< Home