paris à go-go

crônicas sobre Paris e de sua ululante gente francesa

jeudi, novembre 16, 2006

top anorexia-nervosa

a França não é do tipo que ignora o Brasil em seus noticiários, sempre faz alguma referência sobre política, índios ou Amazônia, que eles amam por todo o seu exotismo. mas ontem e hoje fiquei impressionada com o espaço que dispensaram à morte da modelo Carolina Reston. a matéria incluía diversas fotos, depoimento da mãe, imagens do enterro. enfim Carolina ganha Paris após a morte! a extensa divulgação do fato vai de encontro às discussões sobre anorexia que têm tomado a imprensa francesa durante este ano. a França conta 40 mil casos registrados da doença, só no quartier onde moro deve viver metade, porque é raro o dia em que não encontro uma descarnada. agora, com o inverno, seus delicados ossos estarão cobertos pelos longos e pesados manteaus, mas o verão foi aterrorizante: nas ruas, no supermercado, nos parques, em exposições - jamais vi tantas anoréxicas em toda a minha vida, foi surpreendente!

enquanto a França se debate nos porquês da indústria da moda que vê tanta beleza na magreza excessiva, a Itália foi mais prática e apresentou uma lei que pretende proibir modelos que tenham menos que uma massa corporal específica para desfilar em seu território. mas, sabemos, essa insistência por corpos ultra delgados não vêm de hoje. Jane Fonda alimentou sua anorexia durante 30 anos porque achava que ser magra significava ser amada, e essa é apenas uma das centenas de histórias de famosas ou não que sofrem com os dígitos da balança, que calculam o amor em pequenos números. é verdade que a partir dos anos 90 houve um rolo compressor que nivelou a beleza a um padrão quase inatingível, mas que grande parte das mulheres pretende alcançar, custe o que custar, literalmente. nos tempos de Marilyn Monroe as exigências eram outras, os corpos também, ela jamais se tornaria o fabuloso ícone mundial, que sobrevive geração após geração, neste século em que vivemos. não há mais espaço para marilyns! mas Carolina vive o seu momento de estrela: na sua efêmera carreira ela nunca foi tão notável em Paris, uma pena. e não esqueçamos que anorexia é uma doença, não é um capricho!