paris à go-go

crônicas sobre Paris e de sua ululante gente francesa

samedi, septembre 09, 2006

noites de Rex sem Scala

A Rex reabriu esta semana com Laurent Garnier pulando enlouquecido na cabine a noite inteira. Ele, que teve a sua primeira residência neste clube, em 91, e só a deixou em julho de 2005, veio abrir a nova temporada. Aliás, a despedida do Laurent foi super engraçada, tinha gente bem mais velha que o habitual, provavelmente os frequentadores na época dele. Foi divertido ver aquela turma quadradinha se soltar depois de vários jack daniels (os franceses não costumam beber cerveja nos clubes), era um povo do tipo que tirava a gravata e a camisa social e ficava girando na pista. Mas a descontração não durou… Na Rex é proibido ficar sem camisa, logo veio um dos seguranças e obrigou os fofos a se vestirem.
Mas na quinta parece que todo o mundo resolveu sair de casa. Chegamos, Mario e eu, na porta da Rex a uma da manhã e a fila estava pra lá da esquina, nunca vimos nada igual! No ano passado, quando o Dave Clarke tocou, pegamos a fila no meio do quarteirão, um frio do cão, congelamos por mais de uma hora, foi triste! Mas dessa vez tínhamos o nome na lista, foi só entrar. A Rex é o melhor clube de Paris porque os top djs sempre tocam lá, só por isso. Renato Cohen, Murphy e Eli Iwasa tocaram lá ano passado. Como pista "friendly” a nota é zero e como lugar pra se ver gente interessante também não rola, ou você vai lá pela música e bem acompanhado pra poder abstrair o lado negro da força ou é melhor procurar outro lugar. Tem noite que o ar condicionado funciona, tem noite que não, comprar algo no bar é aquela luta livre, a “xavecagem” é do tipo insuportável e chata, a frequência gay é praticamente nula, e quando o clube está cheio não tem lugar no guarda-volumes pra todo o mundo. O problema é que quando está frio não tem a menor condição de você segurar casaco pesado e dançar ao mesmo tempo, hehe. Mas tirando isso o lugar é ótimo, hahahaha!

Por falar em coisa chata, tenho que citar o Scala, a pior roubada que fomos até o momento. O lugar é ótimo, na Rivoli em frente ao Tuilleries, mas...eu explico: era a noite “F*** Me I’m Famous” do David Guetta (sim, a história já começa mal…), mas com a promessa de que o Casey Spooner, do Fischerspooner, iria fazer live. Fizemos o sinal da cruz e entramos naquele antro de gente vestindo blazer com calça jeans e sapato bico fino. Falando assim parece que o povo era mais velho, mas não, a média de idade era 20. No palquinho, David Guetta tocava seus hits de FM com uma gostosa de cada lado. Elas pareciam um tanto de saco cheio e vestiam biquíni, botas, jaqueta Louis Vuitton, uma loucura! Até aí eu estava super de bom humor, mas duas horas depois, sem gostosas no palco e com o dj ora repetindo as músicas de maior sucesso, ora baixando o volume pro povo cantar junto, a chaleira começou a apitar, hahahaha! No bar a consumação mínima era de 10 euros, ou seja, uma garrafinha de água custava “simbólicos” 10 euros! (não, não era uma noite cujo o dinheiro seria revertido para a caridade). E eu tive um ataque de riso, provavelmente de nervoso, quando o barman me falou o preço! Hoje eu acho a história divertida, mas naquela noite eu estava me transformando numa mulher das cavernas de tão agressiva, hahahaha! Eu tinha jurado a mim mesma que eu aguentaria esperar o Casey, custasse o que custasse, afinal se você está no inferno, relaxa e abraça o capeta. Mas a certa altura não deu mais, evitando o pior partimos para nunca mais voltar!

Mas vamos retomar o lado bom da Rex: a pista foi novamente ampliada e a acústica finalmente melhorou. Laurent estava inspirado e o povo foi às alturas quando ele tocou “Crispy Bacon”. Fomos embora às 4 da manhã durante a sessão de drum’n’bass, coisa que eu detesto e que pra mim é o grande defeito de Laurent, enfim ninguém é perfeito! Na saída ganhamos uma sacolinha com flyers das próximas noites de Paris, e a minha surpresa foi quando abri o poster e vi a ilustração de um menino empinando pipa com a camisa do Corinthians, ao fundo um carrinho de frutas com a já clássica inscrição “compro passe” - peça do também grafiteiro Speto.
E sexta que vem enfrentamos a Rex de novo, vai ter live do David Carreta.