paris à go-go

crônicas sobre Paris e de sua ululante gente francesa

dimanche, juillet 30, 2006

"L'Homme à la Moto"

seriam os cafajestes anjos malditos enviados para atormentar e desgraçar a vida de infelizes meninas virgens? edith piaf canta que sim. alain delon faria bem o papel deste demônio, afinal quem não se renderia a um porco imundo com a cara dele? hahahahaha! volontiers!


“O Homem com a Moto”

Ele usava as calças, as botas de moto,
Uma jaqueta de couro preta, com uma águia nas costas,
Sua moto, que disparava como uma bala de canhão,
Semeava o terror em toda a região.

Ele nunca se penteava, ele nunca se lavava,
As unhas cheias de graxa, mas tinha no bíceps
Uma tatuagem azul de coração, na pele cadavérica,
Dentro a gente lia: “mamãe, eu te amo”.

Ele tinha uma namoradinha, de nome Marilou,
A gente tinha pena dela, uma “criança” da sua idade,
Pois todo o mundo bem sabia, que entre tudo o que ele amava,
A maldita da moto levava vantagem.

Marilou, a pobre menina, lhe implora, lhe suplica:
“Não vá embora essa noite, eu vou chorar se você for”.
Mas suas palavras foram em vão, suas lágrimas igualmente,
No estouro da máquina, pelo cano do escapamento.

Ele saltou como um demônio, com labaredas dentro dos olhos,
Na passagem de nível, foi como uma flecha de fogo,
Contra a locomotiva que arrancava, por volta do meio-dia.

E quando se removem os destroços,
Se encontra a sua calça, as suas botas de moto,
A sua jaqueta de couro preta, com uma águia nas costas,
Mas nada da sua moto,
E nada desse demônio,
Que semeava o terror em toda a região.

Lieber Stoller – Jean Dréjac
(1956)