paris à go-go

crônicas sobre Paris e de sua ululante gente francesa

mardi, décembre 05, 2006

cidade alerta

mês passado, uma simpática segunda-feira 13, o maior edifício de Paris, a Tour Montparnasse, foi evacuado sob ameaça de bomba. até aqui nenhuma novidade, a não ser que isso não foi noticiado na França… só soube disso porque vejo os jornais brasileiros! quando comentei sobre o ocorrido no dia seguinte, na escola de francês (um estranho cheiro de gás invadia a sala e me fez lembrar da suposta bomba…), todos ficaram aturdidos, ninguém soubera de absolutamente nada!

ontem os parisienses receberam em suas casas a revista da prefeitura de Paris. a publicação, trimestral, presta contas sobre os trabalhados realizados pela mairie, apresenta os eventos culturais, as melhorias da cidade, entrevistas, curiosidades, etc. e eis que sob o título de “prevenção”, temos uma página inteira de conselhos utéis em caso de riscos naturais ou não (diga-se atentados) e que podem ser mais ou menos violentos… às vezes a fleuma francesa pode ser pior que a inglesa.

não é todo mundo que sabe, mas toda a primeira quarta-feira do mês, ao meio-dia, as sirenes da cidade são acionadas. a primeira vez que se ouve é assustador, mas depois você se conforma. caso isso ocorra em qualquer outra circunstância, é o sinal de que devemos nos trancar à 7 chaves em nossos petits apartamentos. as operadoras de telefonia celular enviarão mensagens (custo a imaginar o texto disso!) e os painéis eletrônicos também nos alertarão sobre o perigo iminente. o fim do mundo anunciado nos luminosos de Paris me conforta, me parece menos terrível, não sei o porquê...

“ações recomendadas”
caso não estejamos em casa na hora do pandemônio, o melhor é ficar onde se está. talvez “brincar de estátua” seja uma boa idéia para vencer o cansaço e descontrair o ambiente. quem estiver na rua deve correr para o abrigo mais próximo e dentro das casas pede-se para não abrir as janelas ou portas sob hipótese alguma. se os vidros das janelas explodirem devemos ter o espírito presente para cobri-las com um plástico. não vale tremer com as mãos! quem tiver filhos na escola não precisa sair desembestado para apanhá-los, os educadores se ocuparão deles e com as medidas de segurança. me parece uma boa coisa, eu ficaria louca com uma criança esperneando do meu lado. ah! os telefones não devem ser usados, apenas em emergência, não me pergunte o que isso quer dizer já que estaremos vivenciando uma.

“lista de compras”
não devemos nos desgrudar de um rádio, eles frisam. quem não tiver um em casa é necessário providenciar imediatamente e anotar as frequências indicadas na matéria no próprio aparelho, são 3. o rádio deve funcionar à pilha e seria inteligente ter um estoque delas em casa. na lista ainda consta: uma lanterna (não esquecer das pilhas!), velas, uma caixa de fósforos, alimentos não perecíveis e galões de água (eles sugerem um estoque suficiente para 3 dias), fita adesiva, estoque de produtos de higiêne de primeira necessidade (principalmente sabão e água sanitária), uma caixa de máscaras cirúrgicas, gel desinfetante para as mãos, cobertores e edredons (o aquecimento pode ser cortado).

“juízo final”
a matéria termina pedindo para não negligenciarmos os conselhos dados pois eles serão utéis numa situação de crise. "apóiem-se no bom senso e mantenham a calma" são as palavras de ordem. agora pergunto: alguém me prepara uma caipirinha? HAHAHAHAHA!